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24 cidades do Paraná não tiveram homicídios em quatro anos

24 cidades do Paraná não tiveram homicídios em quatro anos

No Paraná, 24 cidades não registraram homicídio, de 2008 a 2012, segundo o Mapa da Violência produzido pelo sociólogo e especialista em estudos da violência Julio Jacobo Waiselfisz, que reuniu dados fornecidos pelo Ministério da Saúde para a pesquisa. Da população paranaense de pouco mais de 10 milhões de habitantes, nos 399 municípios, apenas 0,9% ou 94.379 pessoas não conviveram com nenhum homicídio nos cinco anos analisados. As informações são do Paraná Online.

Na lista das cidades “não” violentas, 17 não chegam a 5 mil habitantes. Nos cinco anos citados pela pesquisa, o Paraná teve 17.548 vítimas de homicídios, 3.464 delas (19,7%) em 2012. Os números totais são parecidos com os da Secretaria de Segurança Pública do Paraná (Sesp), que registrou 3.323 mortes violentas em 2012 (3.135 homicídios dolosos, 111 latrocínios e 77 lesões corporais seguidas de morte). Das 24 cidades paranaenses sem assassinatos entre 2008 e 2012, a maioria (17) está no extremo norte do Estado.

Da população brasileira, estimada em 198,7 milhões de pessoas, 1,6% delas (3,1 milhões) não tiveram contato com homicídios nos cinco anos da pesquisa. Entre as 5.565 cidades brasileiras, 684 delas (uma em cada oito) passaram por tempos “calmos”. 92% dos municípios sem homicídios tem menos de 10 mil habitantes. O Brasil registrou, segundo o Mapa da Violência, 56 mil pessoas assassinadas em 2012.

Litoral

Uma das cidades paranaenses sem homicídios está a 167 quilômetros de Curitiba. Guaraqueçaba, no litoral do Estado, tem 7.800 habitantes. De acordo com o sargento Vidal, que comanda interinamente o destacamento da Polícia Militar na cidade, os crimes mais comuns na região são ameaças, brigas, e lei Maria da Penha, ocorrências que, na maioria das vezes, cabe apenas orientação ou advertência, sem encaminhamento de presos ou apreensões. É uma média de uma ocorrência atendida por dia. Crimes de maior potencial ofensivo contra a vida ou o patrimônio, como roubos e homicídios, há tempos não acontecem por lá.

O delegado Ítalo Sega, da 1.ª Subdivisão Policial de Paranaguá, que atende as ocorrências de Guaraqueçaba, explicou que entre os crimes investigado naquela cidade, estão os ambientais, contra os indígenas da região, lei Maria da Penha, ameaças e pequenos furtos. Eventualmente aparecem lesões corporais. “Numa cidade onde a maioria das pessoas se conhece, é mais difícil acontecerem crimes violentos. Guaraqueçaba é pequena, isolada e de difícil acesso. Quem geralmente comete os piores crimes vem de fora. A cidade tem duas ou três pousadas para pessoas com maior poder aquisitivo, que vão para lá descansar e aproveitar a natureza”, analisou Sega.

IDH

Bom desenvolvimento social e econômico não explica por que as 24 cidades não são violentas. Entre elas, 19 possuem alto Índice de Desenvolvimento Humano Municipal (IDHM), indicador que mede a qualidade de vida, da educação e da renda da população. No entanto, quatro possuem IDHM considerado médio e uma delas, Guaraqueçaba, está entre as cidades com IDHM baixo.

Das 399 cidades do Paraná, duas delas possuem IDHM muito alto (Curitiba e Maringá), 236 têm o índice alto (quase 60% do Estado), 157 estão com desenvolvimento médio e apenas quatro delas são consideradas de baixo IDHM. No Estado não há nenhum município com IDHM muito baixo.

Duas saem da lista da paz

Segundo dados estatísticos da Secretaria Estadual de Segurança Pública do Paraná (Sesp), 133 cidades paranaenses não tiveram nenhuma morte violenta (homicídios dolosos, latrocínios e lesões corporais seguidas de morte) no ano passado. Comparando os números ao ranking do Mapa da violência do sociólogo Julio Jacobo Waiselfisz, das 24 cidades paranaenses que não tiveram nenhum assassinato entre 2008 e 2012, 22 delas se mantiveram “calmas” no ano passado. Apenas Santa Cecília do Pavão e Ourizona, ambas situadas ao norte do Paraná, saíram do ranking e registraram um homicídio doloso cada, em 2013.

Segundo o Censo do IBGE de 2010, ambas as cidades possuem pouco mais de 3.300 habitantes e Índice de Desenvolvimento Humano Municipal alto. Em Ourizona, a morte que tirou a cidade do ranking foi o assassinato de um homem de 36 anos. Em Santa Cecília do Pavão, uma idosa de 63 anos, foi morta a facadas dentro de sua casa, pelo vizinho, que disse “ter vontade de matar alguém desde pequeno”.