Ademar Traiano
Depois do impeachment de Dilma Rousseff em 2016, os brasileiros tiveram um vislumbre de práticas esquerdistas delirantes que antes ficavam restritas aos petistas e seus aliados, tão ocultas quanto as planilhas do Petrolão. Dois casos elucidativos.
Cinco universidades públicas terão cursos sobre o “golpe” de 2016. Ou seja, o impeachment de Dilma será ensinado como se tivesse sido um atentado à democracia, um “golpe de estado”. Isso apesar de o afastamento da presidente ter seguido todo o rito legal previsto na Constituição Federal e o processo do impeachment no Congresso ter sido comandado pelo ministro do Supremo Tribunal Federal Ricardo Lewandowski, nomeado por Lula, e absolutamente insuspeito de qualquer antipatia pelo PT.
Esses detalhes não impediram que universidades, bancadas pelo contribuinte, utilizem o dinheiro público para oferecer cursos com nomenclaturas que traem seu óbvio envolvimento com facciosas teses esquerdistas. O curso da Universidade de Brasília se chama: “O golpe de 2016 e o futuro da democracia no Brasil”. Ele tem matérias de denominações sugestivas como “As políticas do governo golpista” e “O jogo político do STF e o golpe”.
A criação de cursos universitários em faculdades públicas para denunciar um golpe que não houve, provocou reação do Ministério da Educação. O MEC pediu a apuração de crime de improbidade administrativa. O ministro Mendonça Filho pediu que se investigasse a alocação de professores para “promover uma disciplina que não tem nenhuma base na ciência, é apenas promoção de uma tese de um partido político”, registra a Folha de S. Paulo.
A reação ao questionamento do MEC revela incrível arrogância e a crença de que, apesar de bancadas com dinheiro público, as universidades não precisam prestar contas a ninguém. O professor Armando Boito Júnior afirmou: “Se ele [o ministro] acha que o curso da UnB é propaganda de um partido político, problema é dele. A universidade não tem que dar satisfação”.
Outro caso ilustrativo é a intervenção no Rio de Janeiro. Por ter sido decretada por Temer, provocou a abertura de uma comporta de besteirol. Velhos delírios esquerdistas onde o marginal, mesmo o mais nocivo, é visto como um resistente heroico contra o “sistema”, voltaram à tona.
Afirmam que se invoca o “fantasma do regime militar”, e atacam, preventivamente, possíveis violações de direitos de cidadãos das comunidades no foco da ação militar. Como se os problemas do Rio de Janeiro estivessem sendo causados pela presença de militares, não pelas décadas de ação livre de traficantes e bandidos sanguinários, que violam diariamente todos os direitos dos seus habitantes, inclusive o direito à vida.
É lícito ter suspeitas sobre as intenções políticas da intervenção, mas combatê-la por pura ideologia é ignorar o drama dos que vivem submetidos ao comando do tráfico. Ignoram também que a intervenção conta com o apoio da maioria absoluta da população. A opinião popular nesse caso não é levada em conta porque essa “maioria equivocada” também apoiou o impeachment de Dilma Rousseff, que foi um “golpe”, e ela deseja a prisão de Lula, uma alma inocente que nada sabe e nada fez.
As alternativas a ação do estado para combater o crime, pregadas por setores doidivanas da esquerda são espantosas pela sua falta de conexão com a realidade. Para o problema do tráfico, querem a liberação das drogas; para a violência, desmilitarização da polícia. Para a questão carcerária a soltura dos presos. Ou seja, a acreditar nessa cartilha, os pavorosos problemas de segurança pública no Brasil, a rigor, não existem. Tudo seria culpa desse perverso modelo capitalista repressor que insistimos em praticar.
Se liberarmos as drogas, segundo essa visão idílica e ideológica da realidade, os traficantes abandonariam seu comércio, violento e homicida, e se dedicariam a atividades pacíficas e úteis. Quem sabe organizando excursões turísticas a lugares como Santa Cruz de La Sierra ou Medellín. Se a polícia se desarmasse e desmilitarizasse os violentos se tornariam pacifistas empedernidos, talvez praticantes do budismo. Os presos, uma vez soltos, também se converteriam a prática de boas causas, seguindo, quem sabe, o exemplo de Madre Teresa de Calcutá.
É tentador dar risadas dessas teses malucas ou simplesmente se indignar com ideia que se pode gastar dinheiro público para dar cursos sobre um golpe imaginário. O problema é que essas teses acabam gerando problemas maiores do que que os prejuízos ao erário e a criação de falsos debates. Entre elas, aumentar a confusão e a perplexidade da população com relação a crise que enfrentamos.
Deixe um comentário