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Requião e PT: idas e vindas de uma química complicada

Guilherme Voitch, Veja

Nas últimas semanas, o senador Roberto Requião (PMDB) tem dado seguidas declarações de apoio ao ex-presidente Lula em suas redes sociais. Em um vídeo divulgado no Facebook na última sexta-feira (15), Requião faz uma convocação a “todos os brasileiros”. “Dia 24 [data do julgamento de Lula no TRF 4] vamos todos a Porto Alegre em uma vigília cívica exigir que as eleições sejam completas e limpas com a participação de Luiz Inácio Lula da Silva.”

Ao mesmo tempo, blogs e revistas ligadas ao PT têm enaltecido a postura do senador. Em um deles, Requião é citado como possível vice de Lula nas próximas eleições. A revista Carta Capital publicou matéria classificando o senador como “plano B” do petista para 2018.

Principal nome do campo de esquerda no Paraná, Requião sempre viveu uma relação complicada, de idas e vindas, com o PT. Prefeito de Curitiba e governador do Paraná em três oportunidades, Requião garantiu palanque para as candidaturas de Lula e Dilma Rousseff no estado. Em 2002, já eleito presidente, Lula deu uma declaração ao jornal Folha de S.Paulo afirmando que gostava do senador “de graça”. “Com o Requião, tenho uma coisa química, de pele mesmo”, afirmou. Nas gestões mais recentes do peemedebista no governo do estado, o PT ocupou cargos importantes, como a Secretaria de Planejamento, chefiada na época pelo deputado federal Ênio Verri.

Por outro lado, o estilo personalista de Requião teria, na visão de alguns petistas, “asfixiado” o crescimento do PT paranaense, que nunca conseguiu criar um nome de peso, capaz, por exemplo, de disputar com chances de vitória o governo do estado. A ascensão de Gleisi Hoffmann, que em 2010 foi mais votada que o próprio Requião na eleição para o Senado, coincidiu com um período de estremecimento entre o senador e o PT. O ex-deputado federal André Vargas, preso no Complexo Médico em Pinhais, e o ex-ministro Paulo Bernardo, marido de Gleisi, protagonizaram vários bate-bocas com Requião. O peemedebista chegou a acusar Bernardo de querer superfaturar a construção de um ramal ferroviário no Paraná. Bernado processou o senador e em 2014 ganhou uma indenização de 40 mil reais por danos morais.

Do contra

No Senado, Requião também nunca fui um aliado dos mais confiáveis para Dilma Rousseff. “O governo não contava com ele. No Legislativo, o Requião não sabe ser base. Prefere sempre ser contra. Essa é uma característica pessoal dele. Ele sempre foi crítico da Dilma, mas como a direita conseguiu capitalizar a insatisfação contra ela, a crítica dele, à esquerda, foi esquecida. Hoje ele está confortável junto com o PT, porque bate no Temer”, diz um deputado paranaense próximo do senador.