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Excitada com a soltura de Dirceu, Gleisi chama Sérgio Moro de “juiz mesquinho cometendo bobagens”

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Ucho Haddad

O Brasil vive uma clara e perigosa inversão de valores, a qual permite que delinquentes que agem de forma deliberada na política ousem surgir em cena com desfaçatez e falso moralismo, como se fossem o último bastião da moralidade nacional. A sociedade não pode aceitar esse deboche, sob pena de o País transformar-se de vez em terra sem lei.

A decisão da 2ª Turma do Supremo Tribunal Federal (STF) de libertar o malandro José Dirceu de Oliveira e Silva – com os votos canhestros de Gilmar Mendes, Ricardo Lewandowski e Dias Toffoli – levou o PT e Gleisi Helena Hoffmann (PT-PR) a delirante surto de alegria.

A senadora paranaense, que nas planilhas de propina da Odebrecht aprece sob o sugestivo codinome “Amante”, resolveu extrapolar em sua euforia e atacar o juiz Sérgio Moro, responsável na primeira instância da Justiça Federal pelos processos resultantes da Operação Lava-Jato, a qual levou Dirceu à condenação por corrupção, lavagem de dinheiro e outros crimes.

Nas contas que mantém no Facebook e no Twitter, a parlamentar petista chamou Sérgio Moro de “mesquinho” e fazedor de “bobagens” por ter obrigado Lula a devolver objetos valiosos da Presidência que havia ocultado em um cofre de agência do Banco do Brasil localizada no centro da capital paulista.

A euforia de Gleisi foi tão desmedida, que a senadora acabou por revelar inesperados e desconhecidos pendores literários. “Se Machado de Assis escrevesse hoje o Alienista, Simão Bacamarte usaria a toga”, escreveu Gleisi no Twitter. “Juiz mesquinho cometendo bobagens”, emendou a petista.

Gleisi fez referência à decisão de Moro de reintegrar ao patrimônio da Presidência da República de 21 objetos (esculturas, maquetes, moedas, espadas e taças de vinho) que estavam no cofre do ex-presidente Lula (PT) e foram alvo de busca e apreensão no âmbito da Operação Lava-Jato.

Na obra de Machado de Assis, Simão Bacamarte é um médico que construiu um manicômio e nele passou a internar pessoas dos mais variados perfis. Gleisi aludiu que Moro tem o mesmo perfil de Bacamarte. Ou seja, para a senadora prender corruptos é uma loucura.

Gleisi pode comemorar como quiser a soltura de José Dirceu, mas não se pode esquecer que o mesmo foi condenado a 32 anos de prisão e eventual rejeição do recurso apresentado ao Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) pode levá-lo de volta ao cárcere.

No tocante à senadora, vale salientar que ela é ré por corrupção no STF, foi acusada de corrupção por sete delatores da Lava Jato, teve os bens bloqueados e o marido preso por corrupção. O que explica esse entendimento absurdo em relação à prisão de corruptos.

Foto: Agência Senado