Ricardo Noblat / O Globo
Há duas possibilidades: eles dizem o contrário do que pensam – logo, mentem. Seria grave. Ou eles de fato acreditam em tudo que dizem – o que seria muito mais grave.
O seminário organizado pelo PT sobre a Lava Jato pecou pelo próprio nome. Passou a ideia de que ali se examinariam virtudes e defeitos da operação que completou três anos.
Mas não. Foi um seminário para condenar a Lava Jato. Apontou-se defeitos. Transformou-se qualidades em defeitos.
A frase do jornalista Mino Carta, editor da revista Carta Capital, resumiu tudo:
– A Lava Jato foi a alavanca do golpe.
O “Fora, Temer” não faltou na fala do escritor Fernando Moraes. Deu-se razão até ao ministro Gilmar Mendes que critica o vazamento de informações da Lava Jato e as “delações extorquidas”.
Lava Jato x Operações Mãos Limpas, da Itália? Diz-se que a Itália tem tribunais constitucionais rigorosos que por lá regulam tudo. Quanto aqui, o Supremo Tribunal Federal é cúmplice dos deslizes de Moro.
O juiz foi alvo da suspeita de que possa estar a serviço de interesses internacionais. Moro costuma viajar com regularidade aos Estados Unidos e a reunir-se com o FBI. Logo…
A plateia de convertidos às crenças dos expositores comoveu-se quando Lula começou a falar. A falar chorando para se queixar de perseguição.
Menos de 24 horas depois da revelação de delatores da Odebrecht que deixaram em xeque a honestidade dele e de Dilma, Lula não disse uma só palavra a respeito. Repetiu o de sempre.
A desconexão do PT da realidade é espantosa.
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