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Mulher: lutas novas e urgentes

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Cida Borghetti

governadora em exercício do Paraná

A grande revolução feminista que aconteceu no Pós Guerra com a participação da mulher em todos os ramos de trabalho trouxe, de fato, grandes benefícios para as famílias, garantiu a sobrevivência com dignidade e incrementou as economias dos países desenvolvidos e em desenvolvimento.

Mudou a mulher, mudou a família, mudou o mundo. Porém, continuamos a conviver com situações de risco graves, que comprometem o futuro de milhares de crianças e jovens mulheres e, muitas vezes, impedem qualquer chance de bem estar e felicidade.

Entre os problemas que precisamos enfrentar, com rigor e lutar com urgência, estão a exploração sexual infantil e a gravidez precoce, presentes em todo o território nacional, apesar dos esforços dos governos e da sociedade civil.

Recentemente tive um encontro com a apresentadora Xuxa em São Paulo. Após uma longa conversa, estabelecemos o compromisso de agir em diversas frentes, com o apoio dos governos em todas as instâncias, e da sociedade organizada para combater a exploração sexual de crianças e adolescentes.

Esse tema me comove, é triste e desumano perceber que, no tempo de tantos esforços de igualdade e inclusão social, meninas e jovens sejam colocadas à venda em estradas brasileiras.

Um levantamento do Unicef informa que, a cada 26 quilômetros de rodovias federais no Brasil, existe um local de exploração sexual infantil. Xuxa, com a força e a influência de ídolo que é, representa um papel importantíssimo nessa luta. A informação, através de campanhas abrangentes, abre caminho para a vigilância da sociedade e a consequente punição dos criminosos.

Nessa linha o Governo do Paraná lançou, cerca de um mês atrás, duas campanhas abordando o tema. Coordenada pela secretária da Família e Desenvolvimento Social, as campanhas estimularam a população e houve um acréscimo de 87% no número de denúncias de violências contra crianças e adolescentes.

O resultado expressivo confirma a importância da ação. Por meio do Disque 181 do Governo do Paraná, ou do Disque 100 do Governo Federal, qualquer pessoa pode denunciar anonimamente casos ou suspeita de violência doméstica ou violação de direitos contra crianças e adolescentes.

A gravidez precoce no Brasil atinge adolescentes de 14 a 19 anos, às vezes abaixo dessa faixa etária, é um problema de saúde pública, pela abrangência, e com um índice assustador: em média, 20% dos partos realizados pela rede pública são de adolescentes.

A maternidade antes do tempo leva a consequências dramáticas, sendo que 73% das adolescentes que engravidam abandonam a escola e 30% delas tem um segundo filho em menos de um ano. Temos aí um quadro de comprometimento do futuro dessas meninas.

No Paraná o programa “Mãe Paranaense”, ao oferecer o apoio às famílias mais vulneráveis, coloca como uma das prioridades o atendimento à gravidez precoce. Além de levar informações básicas para evitar a gravidez, garante o atendimento pré-natal completo e, mais importante, atua na vida dessas jovens: mantê-las na escola, fator fundamental para evitar a repetição do círculo pobreza -gravidez precoce – abandono da escola – subemprego.

Neste Dia Internacional da Mulher temos que comemorar os avanços, que foram extraordinários, mas precisamos voltar nossos olhos para outras demandas de luta. Impedir a exploração sexual infantil e a gravidez precoce faz parte da construção de um Brasil mais justo, em que as brasileiras, involuntariamente atingidas pela miséria e pelo abandono, possam ter uma segunda chance de dignidade e felicidade.