Em seu primeiro mandato no Senado, a paranaense Gleisi Hoffmann (PT) pode se tornar a terceira parlamentar a entrar na mira do Supremo Tribunal Federal (STF) por causa da Operação Lava Jato.
Na terça-feira (27), a Segunda Turma do STF vai analisar se acolhe ou rejeita a denúncia feita pela Procuradoria Geral da República (PGR) contra ela, contra o seu marido, o ex-ministro das gestões petistas Paulo Bernardo, e também contra o empresário Ernesto Kugler Rodrigues. As informações são da Gazeta do Povo.
A PGR acusa o trio de receber R$ 1 milhão do esquema de corrupção da Petrobras, revelado pela Lava Jato, para aplicar na campanha eleitoral da petista ao Senado, no ano de 2010. Os três, que têm advogados diferentes atuando no caso, negam ter recebido o dinheiro.
Se o STF acolher a denúncia, eles passariam para a condição de réus e responderiam a uma ação penal pelos crimes de corrupção passiva e lavagem de dinheiro. O STF pode entender, contudo, que não há elementos para abrir um processo contra os três e determinar o arquivamento do caso.
Desde março de 2015, quando os primeiros inquéritos da Lava Jato foram abertos em Brasília, até meados deste mês de setembro, a PGR ofereceu 15 denúncias ao STF, relativas a pessoas que detêm foro especial. Do total de denúncias oferecidas, somente três foram acolhidas até agora: duas contra o ex-presidente da Câmara dos Deputados Eduardo Cunha (PMDB), cujo mandato foi cassado no último dia 12, e uma contra o também paranaense Nelson Meurer (PP), hoje exercendo o sexto mandato como deputado federal.
A sessão no STF que vai deliberar sobre o assunto está marcada para as 14 horas. Cinco dos 11 ministros da Corte integram a Segunda Turma: Gilmar Mendes, que é o presidente, Celso de Mello, Ricardo Lewandowski, Dias Toffoli e Teori Zavascki, que é o relator de todos os casos da Lava Jato, no âmbito do STF.
Resultado das investigações feitas a partir do inquérito 3979, a denúncia contra eles foi oferecida no mês de maio pela PGR. Desde então, o STF já tentou julgar a questão por duas vezes. A primeira data – 30 de agosto – foi cancelada por causa da sessão do impeachment de Dilma Rousseff no Senado, onde Gleisi atuava como uma das principais defensoras da então presidente da República. O julgamento foi remarcado para 20 de setembro, mas a data não permitiria a presença do advogado da petista, Rodrigo Mudrovitsch, que já havia assumido um compromisso no exterior.
Paulo Bernardo
O corpo da denúncia tem 47 páginas e tem como ponto de partida os depoimentos dos dois principais delatores da Lava Jato: o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o doleiro Alberto Youssef.
Costa disse aos investigadores que autorizou a entrega de R$ 1 milhão para a campanha eleitoral de Gleisi a pedido de Paulo Bernardo. Na denúncia, a PGR informa que Costa não se lembrava exatamente da situação – se tinha sido ou não uma solicitação feita diretamente a ele pelo marido da petista, que em 2010 era ministro do Planejamento, Orçamento e Gestão. A PGR destaca, contudo, que Costa foi “seguro e categórico” ao afirmar que houve de fato o pagamento e que, de todo modo, o pedido teria partido de Paulo Bernardo.
Para reforçar o papel do ex-ministro como um conhecido “arrecadador” da campanha eleitoral da esposa, a PGR também se utiliza de depoimentos do ex-senador Delcídio do Amaral e do empreiteiro Ricardo Pessoa, ambos delatores da Lava Jato. “Paulo Bernardo tinha uma capacidade forte de alavancar recursos desde a época que passou pelo Mato Grosso do Sul e até mesmo antes”, comentou Delcídio, que perdeu o mandato no Senado em maio.
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