Edgar Hampf, no Massa News
A passagem da tocha olímpica por Ponta Grossa, nesta sexta-feira, poderia ser só um acontecimento histórico, mas virou polêmica. Grande. Chata. Um bom número de cidadãos e ativistas de redes sociais acha isso completamente desnecessário. E um gasto enorme. A simbologia do Fogo Olímpico, naturalmente, se perde nas brumas da seção de comentários do Facebook. O porquê do Fogo Olímpico, a devoção aos ideais olímpicos e a oportunidade histórica são, de novo, relativizados. Boa parte dos comentadores de fatos, ativistas de sofá e polemistas do Twitter acha que é tolice gastar dinheiro público com isso.
Com um evento que é histórico e nunca mais vai se repetir? Sério mesmo? Ninguém, desta ou das próximas gerações, vai assistir a uma Olimpíada no Brasil, acredito eu. Isso é coisa de se ver uma só vez. O que não significa, em hipótese alguma, que seja admissível torrar recursos públicos indiscriminadamente. Em Ponta Grossa a polêmica foi gerada pelo valor empenhado para as atividades relativas à passagem da Tocha Olímpica.
Até vereadores andaram comentando isso, como se fosse uma espécie de assalto aos cofres públicos. Tolice. Acham que o dinheiro está sendo usado para a troca de mãos da tocha em si. Como se não houvesse uma ampla programação de natureza cultural (investimento em Cultura pode ou não?) incluindo concertos, shows e várias outras atividades. E todas as esferas de governo têm a obrigação de dar publicidade a todos os seus gastos, inclusive com isso. Logo, todos vão saber em que, exatamente, se gastou cada centavo.
O caso em Ponta Grossa evoluiu (será esse o termo) e chegou à Câmara. Vereadores estrilaram e alguns baluartes da oposição cogitaram convocar representantes do governo municipal para se explicar. Não funcionou.
Nas redes sociais, no entanto, a onda continua. Há inclusive uma ‘vaquinha virtual’ para pagar multas de pessoas eventualmente presas por atentar contra o evento. Ninguém sabe o quanto disso é, no entanto, verdadeiro. Pelo sim, pelo não, as forças de segurança estão atentas. A Força Nacional, afinal de contas, é a responsável pela segurança da Tocha e pelo acompanhamento dos convidados a participar do revezamento.
O que se vê na internet, no entanto é outro tipo de revezamento: os que detestam a idéia de que a Tocha seja um símbolo de unidade e paz e os que estão descontentes com tudo, inclusive com a realização das Olimpíadas no Rio porque, afinal, sempre há “outras prioridades”. Sempre há “outras prioridades”, de fato. Mas não são iguais para todo mundo e isso é visível.
O episódio da onça Juma, morta depois de uma presepada com a Tocha no Amazonas, acabou incendiando as opiniões contrárias à celebração desse evento histórico. Tudo parece ter ficado com um ar de “não precisava, não”. Se dá o mesmo com o descontentamento pós-eleição. Criticar agora a realização da Olimpíada no Brasil é tão inútil quanto reclamar, depois da eleição, que Fulano (ou Fulana) não merecia ser aquilo para o que foi eleito.
Com relação à tocha olímpica, que só vai passar pelas cidades do Paraná uma vez nesta vida, precisava, sim. Com espírito olímpico, ordem e inteligência.
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