Por Cristiano Castilho, na Gazeta do Povo
A Quadra Cultural não será realizada em 2014. O evento já tradicional, que movimentava de verdade as ruas do São Francisco desde 2010, deixa de existir estranhamente agora, em seu ápice. Segundo Arlindo Ventura, o Magrão, idealizador da coisa toda, não houve apoio da Fundação Cultural de Curitiba para que a Quadra fosse institucionalizada, e entrasse no calendário oficial da cidade. “Há uma série de entraves. A FCC se mostrou muito resistente”.
Magrão diz que há outros problemas, como o “terrorismo” praticado por alguns superintendentes da Fundação durante a organização da Quadra deste ano; a impossibilidade da utilização de uma verba de R$ 100 mil do deputado federal Rubens Bueno (PPS) porque, de acordo com Marcos Cordiolli, presidente da FCC, o político é de “oposição”; e o impasse em relação a quem deveria fazer a segurança do evento.
Para os de memória bruxuleante, como eu, também vale lembrar outras duas coisas:
1) As palavras do prefeito Gustavo Fruet (PDT) durante o Papo Universitário, em outubro de 2011. Lá no Paiol, Fruet confirmou textualmente a importância da Quadras para a cidade. Em uma noite de campanha, até visitou o espaço, para a alegria dos incrédulos que achavam (ou ainda acham) que político não se mistura com gente.
2) No início deste ano, houve um rebu por causa da Quadra Cultural. Um abaixo-assinado com 130 nomes de moradores da região pedia a extinção do evento, ao menos ali, nos arredores do setor histórico de Curitiba. A coisa ficou séria quando o Ministério do Paraná chegou a ajuizar uma ação civil pública contra a Quadra, que em sua última edição levou 7 mil pessoas às ruas. Uma coisa tem a ver com outra?
Igor Cordeiro, superintendente da FCC, diz que recebe a notícia do cancelamento com “muita tristeza e pesar”. “A FCC ajudaria na estrutura, com certeza, porque entendemos a importância da Quadra. Mas o fundamental para nós era estabelecer um diálogo com os moradores do bairro, para que houvesse um acordo.” Ao que parece, então, o “problema” são os 130, que continuam falando mais alto do que os 7 mil.
Cordeiro também diz que a FCC não pode ser responsável por 100% do evento porque “ele tem um caráter comercial e está muito vinculado à figura do Magrão.”
Há algum tempo, Curitiba vê o espaço privado silenciar o público. Aconteceu com o carnaval da cidade, (antigamente o Rei Momo desfilava na Marechal Deodoro, com todas as sacadas ocupadas, passou pela João Negrão e agora está encostado no Centro Cívico, driblando lombadas); com a Pedreira Paulo Leminski (às moscas desde 2008), quase respingou no pré-carnaval (foi pressionado a sair do Largo) e também com o réveillon fora de época, evento que saiu da Praça da Espanha e irá aconteceu pela última vez justamente no Centro Histórico, distante do Batel.
Jerry Adriani, Germano Mathias, Odair José, Irmãs Galvão e todas as bandas e artistas locais que se apresentaram na Quadra, até breve, em outra cidade. Curitiba é mesmo complicadinha.
Fotos: Walter Alves/Gazeta do Povo
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